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Solange Lívio

MILAGRES EM DESTAQUE - Mateus 14 e 15

Vamos dar destaque a alguns dos milagres que o Divino Mestre realizou, procurando compreender o objetivo e o significado neles contidos, tanto para o ministério de Jesus quanto para o nosso relacionamento com Ele, nossa vida cristã e nosso crescimento espiritual.

Faremos isso meditando sobre os milagres de Jesus narrados por Mateus nos capítulos 14 e 15, realizados num período de seu ministério que se seguiu logo após ter Ele recebido a notícia da morte de João Batista, aquele que fora o seu precursor.

Diz o texto, no capítulo 14, verso 13, que Jesus retirou-se para um lugar deserto. Porém, o povo sabendo disto seguiu-o a pé, de tal modo que “Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e possuído de íntima compaixão para com ela, curou os seus enfermos” (Mateus 14:14).

Íntima compaixão, diz o texto. Encontramos aqui uma das motivações para a realização dos milagres de Jesus: a sua compaixão pelo homem sofrido.

Aconteceu, no entanto, que logo se fez ocasião para que se realizasse uma grande e longa reunião do povo com Jesus, durante a qual Ele o ensinava.

As horas correram, ficou tarde, o lugar era deserto, o povo estava sem comer e não havia alimento para tanta gente.

Foi durante esta reunião que se deu um dos mais conhecidos e citados milagres de Jesus: a primeira multiplicação dos pães.

Este é o único milagre de Jesus registrado pelos quatro evangelistas, como podemos conferir em Marcos 6:30-44, Lucas 9:10-17 e João 6:1-15.

O modo como tudo aconteceu é bem conhecido. O destaque nesta lição recai sobre os aspectos espirituais e sobre os ensinamentos contidos nesta experiência de caráter milagroso, operada por Jesus.

Além de sua compaixão pelo homem sofrido, encontramos outros pontos que devemos observar:

• A sugestão dos discípulos foi para que se despedisse o povo. Jesus apresentou outra, melhor. Ele sempre tem algo a nos oferecer, melhor do que pensamos.

• “Dai-lhes vós de comer”, respondeu Jesus aos discípulos, entregando a eles a incumbência de alimentar a multidão. É tarefa nossa, hoje, distribuir com aqueles que padecem da fome espiritual o ‘pão que desceu do céu’ e já nos deu vida (João 6:33), e anunciar-lhes a Palavra de Deus que é alimento para a alma, porque “nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Deuteronômio 8:3;Mateus 4:4).

• A provisão disponível era de apenas cinco pães e dois peixes, que foram aceitos por Jesus: “Trazei-mos aqui” (v.18). Embora não dependendo deles para a realização do milagre, o Mestre não dispensou aquilo que possuíam. Abençoados por Jesus, multiplicaram-se, tornando-se suficientes, e de sobejo, para suprir toda a necessidade. Os poucos recursos que temos, colocados nas mãos de Jesus e por Ele abençoados, tornam-se suficientes. Além disso, Jesus sempre valoriza aquilo que colocamos a seu serviço, concedendo-nos o privilégio de nos tornarmos cooperadores seus, identificando-nos com Ele e com sua causa.

É assim que nos diz o texto: “...e erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos à multidão” (v.19).

Um outro milagre de Jesus relatado neste capítulo 14, refere-se ao apóstolo Pedro andando sobre as ondas, experiência que somente Mateus registrou. Marcos e João falam de Jesus andando sobre o mar, neste mesmo episódio, porém não mencionam a experiência vivida por Pedro, foco da nossa atenção neste estudo.

Despedida a multidão, após a multiplicação dos pães, os discípulos seguiram no barco, enquanto Jesus subiu ao monte para orar, à parte.

Na quarta vigília da noite, que corresponde ao período entre três e seis horas da madrugada, o Mestre foi ao encontro dos seus discípulos, andando sobre o mar. Uma experiência que os surpreendeu e assustou, a ponto de gritarem, com medo. Jesus, porém, logo os tranqüilizou, dizendo: “Tende bom ânimo, sou eu, não temais” (Mateus 14:27).

Palavras de encorajamento e de sossego!

Palavras que chamaram a atenção dos discípulos para a divindade de Jesus porque a expressão ‘sou eu’, usada pelo Senhor, tem no grego uma representação semelhante ao ‘Eu Sou’ de Êxodo 3:14; representação do nome de divindade. Os milagres tinham mais este significado para o ministério de Jesus: ser um meio de revelação da sua natureza divina.

De pronto, Pedro se apresentou para ir ao encontro de Jesus andando também por sobre as ondas. Reação bem condizente com o seu temperamento impulsivo, mas que também implicava em fé.

Notemos, então, alguns aspectos deste episódio:

• Pedro pediu a Jesus que o mandasse andar sobre as águas, só o fazendo depois que o Mestre lhe disse: “Vem” (v.29). Ele não o fez por si mesmo. Aprendemos, com isso, que o andar por fé em Cristo está relacionado à obediência à Palavra de Deus.

• Enquanto manteve a sua fé em ação, Pedro andou sobre as águas. Porém, sentindo a força do vento, teve medo. E, tendo medo, começou a ir para o fundo. A força do vento era real naquela circunstância, do mesmo modo que são reais muitas das circunstâncias tempestuosas que cercam a nossa vida. Porém, ainda maior é o poder de quem nos diz ‘vem’. A fé não se intimida com as condições circunstanciais. Aquilo que é iniciado por fé, firmada na Palavra de Deus, deve prosseguir em fé para não acontecer de começarmos bem e acabarmos mal.

• Pedro clamou por socorro e Jesus logo estendeu a mão para ele, segurando-o e não permitindo que ele afundasse. O Senhor o advertiu pela pouca fé demonstrada, mas não deixou de socorrê-lo, quando ele clamou.

• Terminada a experiência, o vento se acalmou. Não há vento forte que perdure quando Jesus é chamado a participar das experiências que nos envolvem.

• O resultado final foi de glorificação e adoração a Jesus: “És verdadeiramente o Filho de Deus” (v.33). A experiência com Jesus nos oferece sempre mais e mais motivos para glorificarmos o seu nome. “Ele é o Rei da glória” (Salmo 24:10).

E para finalizar o estudo de hoje, vamos meditar sobre experiência da mulher mencionada pelos evangelistas como a ‘mulher cananeia’.

Jesus se encontrava na região de Tiro e Sidom. Esta é a única ocasião de que temos conhecimento em que Jesus saiu das fronteiras da Palestina, durante o seu ministério.

Uma mulher veio ao seu encontro. Era uma gentia, descendente dos cananeus que habitavam a Síria e a Palestina, antes da conquista de Josué.

Ela se aproximou chamando-o de Filho de Davi, embora nada tivesse a ver com o filho de Davi. Veio com um clamor desesperado, em favor de sua filha que se encontrava miseravelmente endemoninhada.

Uma situação muitíssimo triste! Porém, uma situação em que Jesus, inicialmente, demonstrou um aparente descaso para com ela.

No primeiro momento, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Ela se deparou com o silêncio do Senhor. No entanto, não desistiu de clamar. Persistiu a ponto dos discípulos intercederem junto ao Senhor para que a despedisse logo, porque seguia atrás deles gritando o seu clamor.

Jesus respondeu, mas sua resposta não foi ainda de acolhimento à sua causa: “Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mateus 15:24). Sendo ela gentia, siro-fenícia, estaria excluída.

Mas ela insistiu e o fez, então, adorando-o e dizendo: “Senhor, socorre-me” (v.25). Recebeu outra resposta desfavorável da parte de Jesus: “Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos” (v.26). Uma resposta que levaria muitos de nós ao desânimo e à desistência. Mas, não foi assim com ela !

A mulher cananeia insistiu. Humildemente aceitou, ainda que fossem apenas migalhas caídas da mesa, aquilo que Jesus estivesse a lhe oferecer.

Aprendemos, então, algumas lições preciosas com os componentes da experiência desta mulher:

• - súplica fervorosa; • - humildade em clamar pela sua necessidade; • - persistência.

Aprendemos, ainda, que em nenhum momento houve descaso por parte de Jesus para com ela, porque diz o Senhor: “...o que vem a mim, de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6:37).

Ao contrário, com grande compaixão e desejo de abençoá-la, Jesus experimentou a sua fé, sabendo que ela suportaria. Experimentou-a de modo a fazê-la crescer e crescer, para torná-la numa grande fé, e poder dizer-lhe: “Ó mulher! Grande é a tua fé: seja isso feito para contigo como tu desejas” (Mateus 15:28).

Diz a Palavra de Deus que desde àquela hora a sua filha ficou sã.

Sejamos nós também crentes fervorosos e perseverantes. Lembremos, porém, que se viermos a falhar, como aconteceu com Pedro, e se em meio aos nossos deslizes de fé voltarmos o olhar novamente para Jesus, em humildade e desejosos de continuarmos na jornada da fé, encontraremos as suas mãos de poder e misericórdia estendidas, a nos valer.

Em nossa natureza humana, estamos sujeitos a oscilações. Por sua natureza divina, Jesus nos ama com eterno amor.

Uma certeza que nos leva a cantar:

Oscilando minha fé, Cristo valerá; Perseguido, sem mercê, Ele valerá. Ele valerá! Ele valerá! Seu amor por mim não muda, Sim, me valerá.

(Ada Ruth Habershon) Hino 322 do Cantor Cristão

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