"O REINO DE JUDÁ – DE MANASSÉS A JEOACAZ."
- Gerson Berzins
- 27 de fev. de 2017
- 5 min de leitura
II Reis 21.1 a 23.34 e II Cr. 33 a 36.4.
Gerson Berzins (gbrzins@ceoexpress.com)
Amigos e irmãos leitores: Temos a oportunidade de mais uma vez nos encontrarmos nesta nossa jornada através da história bíblica no tempo da Monarquia em Israel. Continuamos a repassar os governos que se sucederam no Reino do Sul, o Reino de Judá, Reino este composto pelas tribos de Judá e Benjamim e cujo trono foi sempre ocupado pelos descendentes de Davi, sediados em Jerusalém. Veremos hoje mais 4 reis: Manassés, Amom, Josias e Jeoacaz. O texto bíblico que apresenta este período encontra-se em II Rs.caps. 21a 23 e II Cr.caps.33 a 35 e mais os 6 primeiros versos do cp.36.
Recapitulando a lição anterior, lembramos que deixamos Judá no governo restaurador e abençoado do rei Ezequias. O último relato da biografia de Ezequias nos fala de uma reprimenda divina que o rei recebeu da boca do profeta Isaías. Tal palavra de Isaías já nos antecipa os acontecimentos que estavam começando a se formar, e eles não eram favoráveis a Judá. Ezequias tinha recebido emissários do rei da Babilônia, que o visitaram, a pretexto de sua enfermidade. Ezequias, polida e orgulhosamente, mostrou aos visitantes todas as dependências e todos os tesouros reais. Após os enviados da babilônia terem ido embora, Isaías lhe falou anunciando que assim como os babilônios tomaram conhecimento de tudo na casa real de Jerusalém, eles logo estariam de volta para tudo carregarem para a Babilônia, levando inclusive descendentes de Ezequias que seriam transformados em serviçais na corte da Babilônia. Era o prenúncio do exílio de Judá, que começaria a acontecer em 80 anos.
Ezequias morreu, e seu filho Manassés o sucedeu. Manassés seria o rei que mais tempo ficou no trono – 55 anos, mas não foi a longevidade do seu governo que mais o destacou. Foi a sua maldade que se sobressaiu. Mais uma vez vemos o contraste chocante, de um bom rei ser sucedido pelo seu filho que se revela um rei sem qualquer compromisso com o Senhor Deus. Vejamos os vs. 2 e 3 do cap.21 de II Rs.: “E fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme as abominações das nações que o Senhor desterrara de diante dos filhos de Israel. Porque tornou a edificar os altos que Ezequias seu pai, tinha destruído, e levantou altares a Baal, e fez uma Asera como a que fizera Acabe, rei de Israel e adorou a todo o exército do céu e os serviu.” Continuando a ler o texto vamos vendo que toda a restauração efetuada por Ezequias se perdeu rapidamente e o estado espiritual de Judá ficou pior depois de Ezequias do que era antes dele.
A maldade de Manassés não se restringiu ao campo espiritual, pois foi um rei violento e sanguinário: “Manassés derramou muitíssimo sangue inocente, até que encheu Jerusalém de um a outro extremo..”(IIRs.21.16) O anúncio feito por Isaías a respeito dos babilônios começou a se cumprir, ainda que em escala limitada, no governo de Manassés. Comandantes assírios vieram a Jerusalém e colocaram Manassés em cadeias de bronze e o prenderam em ganchos e o levaram para a Babilônia. Lá, Manassés se humilhou e suplicando voltou-se a Deus, que se compadeceu dele e permitiu seu retorno à Jerusalém, onde ele se esforçou para voltar ao caminho do Senhor, inclusive ordenando a todo o seu reino que servisse ao Senhor Deus (IICr.33.16).
Manassés foi sucedido por seu filho Amom, que seguiu os maus caminhos de seu pai, e após 2 anos no trono foi morto na sua própria casa em um conspiração.
E assim chegamos ao reinado de Josias, filho de Amom. Com Josias vemos mais uma restauração espiritual em Judá. Esta seria a quarta e a última reforma espiritual promovida para limpar o reino do Sul da idolatria que se implantou e para trazer o povo de volta à fidelidade ao Senhor. Lembremos que antes de Josias, os reis Asa, seguido de seu filho Josafá; depois Joás, seguido de seus sucessores Amazias, Uzias e Jotão; e depois Ezequias marcaram as suas administrações por esforços de restauração espiritual, esforços estes que não prevaleceram e foram aniquilados pelos seus sucessores que optaram por abandonar a fidelidade ao Senhor. Josias, empenhou a sua administração em mais um esforço de trazer de volta à Deus o seu povo e o seu reino.
Quatro fatos se destacam nesta restauração dirigida por Josias:
(1) O templo foi recuperado, e na sua restauração o sumo sacerdote Hilquias encontrou o livro da lei. Quando o livro foi lido, Josias rasgou as suas vestes pois tinha percebido quão grande era o furor do Senhor Deus por todas as desobediências à lei de Deus que foram praticadas em Judá ao longo do tempo. Josias instruiu os sacerdotes para buscarem ao Senhor e O consultarem para saberem o que fazer.
(2) O 2o. destaque é a resposta de Deus, enviada por intermédio da profetiza Hulda. Através da palavra desta profetiza Deus confirmou a proximidade do castigo que viria sobre Jerusalém e sobre Judá, como consequência de todos os erros contra Deus praticados pelo povo. A palavra da profetiza continha também uma mensagem direta a Josias: devido a sua volta ao Senhor e a sua humilhação, ele não veria a chegada do castigo e o seu governo terminaria em paz.
(3) O terceiro destaque foi a convocação geral do povo feita pelo rei. Josias diante dos anciãos do povo e de toda Jerusalém fez um pacto de obediência e de fidelidade à Deus, que foi confirmado por todos. O pacto não se restringiu às palavras ditas na cerimônia, mas se traduziu em ações efetivas de volta à obediência à lei. Todas deturpações introduzidas no templo foram retiradas. Os sacerdotes idólatras foram eliminados. Os altares idólatras foram queimados. Eliminou as estátuas erguidas em consagração ao Sol. O altar de Baal que estava em Betel foi destruído e o seu lugar foi profanado com ossos humanos, para que nunca mais fosse utilizado.
(4) O quarto. destaque desta restauração de Josias foi a reimplantação da celebração da páscoa em Jerusalém. Diz nos o cronista bíblico que “Nunca se celebrara em Israel uma páscoa semelhante a essa, desde os dias do profeta Samuel; e nenhum dos reis de Israel celebrara tal páscoa como a que Josias celebrou com os sacerdotes e levitas, e todo o Judá e Israel que ali estavam, e os habitantes de Jerusalém.” (IICr.35.18)
Josias terminou seu governo de uma forma lacônica, quando insistiu em enfrentar o rei Neco do Egito e foi ferido por flecheiros egípcios, vindo a falecer.
Josias foi um dos reis meninos de Israel: Acaz começou a reinar aos 7 anos, e Josias foi entronizado aos 8 anos e reinou em Jerusalém por 31 anos. Foi sucedido pelo seu filho Jeoacaz, que reinou apenas 3 meses, tendo sido deposto pelo rei do Egito, que o levou cativo e de onde não retornaria. Jerusalém seria também obrigada a pagar um tributo ao Egito, ainda que por pouco tempo, pois os caldeus já estavam às portas, na sua intenção de dominarem todo o mundo.
A partir deste ponto, Judá perdeu a autonomia de seu governo e passou a ser apenas um participante secundário no grande cenário da política internacional que se formava. Este será assunto para a nosso próximo encontro, que será o último dessa série de lições. Que Deus continue a nos abençoar no estudo da sua Palavra.