Texto: Gênesis 1 a 5
É com muita satisfação que eu me dirijo aos ouvintes, saudando a todos com a paz do Senhor Jesus.
Temos diante de nós o grande privilégio de estudarmos a Bíblia e de recebermos as bênçãos que o conhecimento da Palavra de Deus nos traz.
Desta feita, estaremos estudando um dos assuntos de grande relevância para a vida do crente e a vida da Igreja do Senhor Jesus, qual seja a ORAÇÃO.
Desejo, sinceramente, que, à medida que o nosso estudo for prosseguindo, o querido ouvinte também vá se sentindo mais incentivado a trilhar o caminho da oração, sendo atraído, sobretudo, pela maravilhosa graça de Deus que nos oferece a oportunidade e nos convida a este grande privilégio: orar.
Talvez você seja uma das muitas pessoas que têm enfrentado as mais variadas dificuldades para fazê-lo. Dificuldades de natureza íntima – espiritual e emocional; dificuldades externas; ou talvez desanimado pela errônea ideia de que não sabe fazê-lo de forma apropriada.
Se assim for, a minha palavra para você é de que passe a se dedicar à oração hoje mesmo, ou melhor, agora mesmo. Aproxime-se do Senhor com aquele pedido que os discípulos humildemente fizeram e que deve ser uma petição constante de nossos corações: “Senhor, ensina-nos a orar.” (Lucas 11:1).
Certamente, o Senhor estará ouvindo esse nosso pedido e nos concedendo a graça necessária para prosseguirmos no caminho da oração. Inclusive, porque através dela esses nossos embaraços podem ser tratados e desfeitos. Por isso: oremos.
O objetivo deste estudo é ampliar, tanto quanto possível, o nosso conhecimento sobre o fundamento bíblico da oração, para aprofundarmos a nossa experiência nesta preciosa atividade espiritual.
Sim. Oração é trabalho da alma. E que abençoado trabalho!
Muito temos a meditar sobre este assunto e iniciaremos buscando compreender o sentido e o significado da oração.
Poderíamos buscar esclarecimentos sobre o significado etmológico da palavra, ou a definição dada por dicionários de alguns idiomas, mas, devido à brevidade do tempo que dispomos, vamos nos deter no significado da oração sob o ponto de vista bíblico.
Consultando o Novo Dicionário da Bíblia, organizado por J. D. Douglas, encontramos o seguinte comentário: Na Bíblia, a oração é uma adoração que inclui todas as atitudes do espírito humano em sua aproximação de Deus. O crente cristão presta culto a Deus quando adora, confessa, louva e O suplica em oração. Essa, a mais alta atividade da qual o espírito humano é capaz, também pode ser considerada como comunhão com Deus, se a ênfase devida for posta na iniciativa divina. O homem ora porque Deus já tocou em seu espírito. A oração, na Bíblia,não é uma ‘reação natural’.(p. 1149).
Há neste comentário alguns pontos relevantes para o nosso estudo e devemos examiná-los à luz da Bíblia.
- A oração surge por iniciativa divina. Tal iniciativa se caracteriza pelo fato de que Deus mesmo vem ao encontro do homem para com ele estabelecer comunicação e relacionamento, conforme nos revela a Bíblia.
Ainda no início, no segundo capítulo do livro de Gênesis, encontramos o Senhor Deus se dirigindo ao homem que acabara de criar para o abençoar e transmitir-lhe orientações, instruções, recomendações (Gn. 2:26-31). Em Gênesis 3, lemos que Adão e Eva “Ouviram a voz do Senhor que passeava no jardim pela viração do dia...”. Textos bíblicos em que vemos o Senhor Deus dando início à comunicação com o homem, mostrando com isso que o ser humano foi feito para ter uma vida de relacionamento com Deus, onde a adoração ao Criador é a finalidade maior.
Quanto a este aspecto de adoração e culto que a oração contém, como veremos no próximo item, o mesmo acontece. Em João 4:23, o Senhor Jesus diz: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” O Pai procura. O Pai deseja receber o culto dos verdadeiros adoradores e, para tanto, estabelece as condições da verdadeira adoração: em espírito e em verdade.
-Oração é um ato de adoração a Deus. Isso significa que a oração é parte integrante do culto que deve ser prestado ao Senhor. É parte dos cultos que a Igreja realiza enquanto congregação dos remidos do Senhor, e para dar cumprimento à sua finalidade primeira, que é prestar adoração a Deus, como também é parte do culto individual que o coração crente presta ao Senhor de sua vida e Deus de sua redenção.
Significa ainda que, além de ser parte do culto, junto com outros elementos que o compõem, a oração é em si mesma um ato de adoração porque envolve louvor, ação de graças, confissão e súplica.
Outro ponto importante a ser observado é que, por ser dirigida a Deus, a oração genuína implica no reconhecimento e na aceitação da existência de Deus como um Ser Supremo, digno de toda honra, toda glória e todo louvor. Isso faz com que a oração nascida de um coração que sinceramente abriga esse reconhecimento e, por conseguinte, deseja dar louvor a Deus seja, em si mesma, um ato de adoração.
- A Oração é comunhão com Deus. Considerando-se o interesse de Deus e a iniciativa divina pela atividade da oração, esta pode ser compreendida como comunhão com Deus, no sentido de ter algo em comum: estarmos desejando e buscando aquilo que Deus também deseja e espera de nós.
Sendo assim, quando colocamos em exercício a tarefa espiritual da oração, qualquer que seja o aspecto focalizado no momento, estamos empenhados em algo que agrada a Deus e que Ele deseja e recomenda.
Se nos valemos da oração como expressão de culto, já vimos que é desejo do Senhor que o façamos; se a utilizamos para expressarmos a nossa gratidão, encontramos, entre outros textos bíblicos, a recomendação feita em I Tess. 5:18 “Em tudo daí graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.”; quando fazemos dela um ato de contrição e confissão, sabemos que estamos de acordo com o Senhor, que em sua Palavra nos diz: “E se meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.”( II Cr. 7:14) e “O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas, o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” (Prov. 28:13). E, por fim, quando dela nos servimos para encaminhar ao Senhor as nossas súplicas e petições, temos a certeza de que somos acolhidos por Deus que, com seu grande poder e amor nos diz, através do profeta Jeremias: “ Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas que não sabes.” (Jer. 33:3).
Sendo um meio para encaminharmos os nossos objetivos comuns com Deus, a oração é também uma oportunidade para estabelecermos uma íntima interação com o Pai Celestial. Interação esta que tranqüiliza o coração ansioso, que dá alívio à alma cansada das lutas e que supre as necessidades humanas, sejam elas espirituais, emocionais ou materiais, porque a presença de Deus é sempre abençoadora.
Contudo, se até aqui enfatizamos a iniciativa divina na oração, é hora de ressaltarmos que houve um momento em que o homem passou a buscar a Deus.
Em Gênesis 4:26, encontramos a primeira referência dessa busca por parte do homem, a qual se deu por ocasião do nascimento de Enos. O texto diz: ‘ A Sete também nasceu um filho a quem pôs o nome de Enos. Foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome do Senhor.”
Notemos que a Bíblia não afirma que tenha sido Enos o primeiro homem a buscar ao Senhor, nem mesmo que o seu nascimento tenha sido o motivo para isso. O que a Bíblia deixa claro é que foi nesse tempo que os homens começaram a invocar o nome do Senhor.
Vale ressaltar que isso não quer dizer que só então se começou a prestar culto a Deus. Apenas que, a partir daí, o nome de Jeová passou a ser invocado e associado ao culto. O homem passou a chamar pelo nome do Senhor.
E assim, diante desses ensinamentos da Palavra de Deus, um doce apelo chega ao nosso coração: apresentar a Deus a nossa oração, dizendo:
Senhor Deus, louvando e exaltando o teu nome, e com o coração agradecido pelo teu amoroso convite para chegarmos à tua presença, dirigimos a Ti a nossa oração, nesta manhã. Agradecemos-te as incontáveis bênçãos que tens nos concedido e te pedimos que estendas a tua bondosa mão sobre a vida de cada um dos nossos ouvintes. Prepara o teu povo para prestar-te um autêntico culto de louvor, neste dia que é teu. Em nome de Jesus. Amém.
E, com esta oração, concluímos o estudo de hoje, lembrando da mensagem do hino de nº 151 do Cantor Cristão, que de forma tão bonita expressa estas verdades:
“Quão preciosas são as horas Na presença de Jesus, Comunhão mui deliciosa De minha alma com a luz!
Os cuidados deste mundo Não me poderão mover, Pois é Ele o meu abrigo Quando o tentador vier."
M. A. C.