Texto: Atos 4:1-31
A Oração na Igreja Hoje é o título deste estudo.
Assim colocado, o tema sugere uma reflexão sobre o que vem acontecendo com a prática da oração na Igreja, nos dias de hoje. Sem dúvida alguma, uma reflexão necessária.
Entretanto, pouco proveito nós teríamos se nos preocupássemos apenas em considerar a oração na Igreja nos tempos atuais, sem mantermos em vista a doutrina bíblica da oração e a sua prática na Igreja primitiva. Estes são os fiéis parâmetros de que dispomos para avaliar o quanto temos nos aproximado ou nos afastado dos padrões bíblicos acerca da oração.
Quanto aos ensinamentos bíblicos, vários deles já examinamos nos estudos anteriores. Por isso, vamos dar maior atenção à prática da oração na Igreja primitiva, nos tempos apostólicos, tal como o Espírito Santo fez com que ficasse registrada na Bíblia para a nossa instrução.
Um estudo cuidadoso do livro de Atos revela-nos aspectos fundamentais quanto ao exercício da oração na vida da Igreja, bem como por parte dos discípulos empenhados na expansão do reino de Deus.
A prática da oração era intensa e perseverante, ocorrendo de forma coletiva e individual, de tal modo que a Igreja caminhava sobre a oração. Sua atividade não era apenas um ato de formalidade litúrgica, ainda que deva ser parte do culto, como já temos estudado. Mais do que isso, a oração era um ponto de sustentação da vida espiritual da Igreja e dos crentes de então; era o dínamo que movia a Igreja.
Quanto à sua prática individual por parte daqueles que se dedicavam a realizar a obra de Deus, temos o exemplo do apóstolo Pedro. Em Atos 10:9 lemos que “subiu Pedro ao eirado para orar, cerca da hora Sexta”. Para orar. Esta era a sua finalidade naquele momento e lugar.
Foi nessa circunstância que ele foi tomado por êxtase espiritual e teve a visão que o preparou para o trabalho de evangelização que deveria realizar junto a Cornélio, recebendo em seguida a confirmação por parte do Espírito Santo, que lhe disse: “vai com eles, nada duvidando, porque eu tos enviei”.
De igual modo, havia a prática coletiva da oração. Atos 2:42 diz: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”. A Igreja se unia em oração e o fazia de forma perseverante.
Em meio à oração, o Espírito Santo se manifestava à Igreja, instruindo e capacitando os obreiros para o trabalho de expansão do Evangelho, conforme Atos 4:31, 8:15, 13:2.
As perseguições sofridas pela Igreja foram enfrentadas e vencidas com oração. Foi assim quando o rei Herodes, depois de ter estendido as mãos para maltratar a alguns da Igreja, mandou prender a Pedro. Em Atos 12:5 lemos que “Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a Igreja orava com insistência a Deus por ele.” A Igreja orava com insistência.Mais adiante, neste capítulo (v.12), vemos que esta reunião de oração da Igreja aconteceu na casa de Maria, mãe de João Marcos. Eram algumas pessoas reunidas e oravam juntas. Isto significa que havia acordo entre aqueles crentes sobre um mesmo propósito. Havia a oração de concordância, referida por Jesus em Mateus 18:19-20.
A Igreja orou com persistência, com fé e em acordo. O resultado, nós conhecemos. Pedro foi liberto da prisão de forma milagrosa pelo anjo.
Milagrosa para os crentes, por ser algo que superava qualquer possibilidade humana, e misteriosa para o mundo. Mistério quer dizer segredo. É um segredo para o mundo que Deus cuida dos seus. As circunstâncias contrárias, os propósitos iníquos dos homens ímpios e malvados não podem impedir a ação de Deus em favor daqueles que lhe pertencem e a Ele servem.
Contudo, devemos lembrar que tudo isso aconteceu em razão da oração da Igreja.
À semelhança dos apóstolos, a Igreja experimentou e aprendeu sobre a importância de orar com persistência, unanimidade de propósito e fé.
Há outro fato marcante que muito nos ensina. O livro de Atos nos conta que Pedro e João foram presos e levados ao sinédrio para serem inquiridos sobre a cura de um homem coxo que se encontrava à porta do templo, chamada Formosa, bem como sobre o crescente número de conversões que vinham ocorrendo pela pregação dos apóstolos. Depois disso, foram ordenados a não mais falarem no nome de Jesus.
Ao serem soltos foram diretamente realizar uma reunião com os demais apóstolos, onde relataram tudo o que tinha acontecido. A reação dos apóstolos nesta reunião foi notável: “Ao ouvirem isto levantaram unanimemente a voz a Deus” (Atos 4:24).
Oração. Foi assim que reagiram. Não foram discutir o incidente ocorrido perante o sinédrio. Foram orar, exaltando e glorificando a Deus; pedindo ousadia e intrepidez para continuarem testemunhando de Jesus e pregando a Palavra de Deus, com a confirmação de sinais, no nome do Senhor Jesus.
A resposta à oração que fizeram foi tremenda: “E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a Palavra de Deus” (Atos 4:31). O lugar foi abalado e os apóstolos foram revigorados espiritualmente para continuarem o ministério da proclamação do Evangelho.
Este é o cuidado que devemos ter. É preciso verificar se as nossas orações, como Igreja do Senhor Jesus de hoje, resultam em maior capacitação espiritual, maior disposição e maior encorajamento para a realização da obra de Deus. Esta obra que só pode alcançar êxito se os crentes, individualmente, e a Igreja como corpo de Cristo a realizarem pelo poder do Espírito Santo e no nome do Senhor Jesus. Este nome que está sobre todo o nome.
Que a experiência dos apóstolos, registrada em Atos 4:24-39 continue sendo realidade na Igreja de hoje, é a nossa oração. Amém.